Friday, November 30, 2007

Café Oceano: “Alterações climáticas... O papel do plâncton”

O Café Oceano é um espaço para conviver, relaxar e falar de um tema que nos interessa. Desta vez, foi o Investigador e Doutorando Carlos Norton que ficou responsável por introduzir o tema do Café Oceano que decorreu no mês de Novembro.
O Plâncton é a base da cadeia alimentar no meio aquático e marinho, sendo constituído por uma fracção vegetal, o fitoplâncton, e uma fracção animal, o zooplâncton. Qualquer alteração causada nestes organismos terá impactos ainda mais elevados nos níveis tróficos superiores. O estudo do plâncton é complicado porque implica uma recolha de amostras regular ao longo do tempo e no espaço oceânico, que são muito esporádicas se feitas somente durante missões científicas no mar. No entanto, existem bons registos obtido através de CPR (Continuous Plankton Recorder) para o Atlântico Norte e isto, desde dos anos 1958. Este equipamento é atracado a navios comerciais com rotas transatlânticas regulares permitindo uma recolha de plâncton de forma contínua, aproximadamente à profundidade de 7 m, durante todo o percurso do navio. Os estudos efectuados desta forma demonstram que está a ocorrer, no Atlântico do Nordeste, uma migração das espécies planctónicas para zonas mais a Norte. Com o aquecimento das águas, as espécies adaptadas a temperaturas mais altas estão a conseguir deslocar-se até zonas médias do Atlântico Norte, enquanto que as espécies que anteriormente ocupavam estas zonas estão a ser deslocadas para zonas sub-polares a polares. Um exemplo do impacto destas migrações pode ser observado no bacalhau. No Mar do Norte existe uma época do ano, de Março a Agosto, em que o bacalhau se alimenta de uma espécie de copépode calanóide (zooplâncton). Esta espécie abundava nestas zonas, mas com o aquecimento das águas foi empurrada para zonas mais a norte, surgindo em substituição uma outra espécie de copépode adaptada a águas de temperaturas mais elevadas. No entanto, esta nova espécie apresenta-se em período diferente da espécie anterior, de Agosto a Dezembro, não permitindo a engorda do bacalhau. Assim, para além de outros impactos sobre o bacalhau, nomeadamente a sobre – exploração, a migração do zooplâncton fez com que o bacalhau ficasse com menos alimento disponível, uma vez que também o biovolume desta nova espécie é inferior, fazendo diminuir a biomassa disponível para o bacalhau. Seja a nível trófico, ou mesmo na biomassa, o aquecimento das águas, mecanismo provocador destas migrações, apresenta grandes impactos espécies de consumidores superiores da cadeia trófica.
Alem disto, é importante salientar aqui que o plâncton também influencia o clima. A nível global, é efectivamente o plâncton que é responsável pela remoção de uma grande parte do CO2 da atmosfera para dentro dos oceanos e consequentemente para os sedimentos marinhos, moderando assim o aumento da temperatura média mundial. A nível local, também existem espécies de fitoplâncton que são capazes de emitir para a atmosfera moléculas que permitem a formação de nuvens que funcionam como um escudo face À insolação e fazem com que a temperatura da superfície da água diminui.
É então importante relembrara que, apesar das alterações climáticas causarem um grande impacto no meio ambiente, a Natureza é como que uma máquina renovadora, e que o maior impacto cairá sobre nós.

1 comment:

Anonymous said...

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